Qualcomm revela suas apostas para o futuro da conectividade

Qualcomm revela suas apostas para o futuro da conectividade

No final de 2018, a Qualcomm anunciou uma série de novidades para o mundo dos smartphones, incluindo evoluções que estão ligadas ao 5G e, claro, planos para o futuro dos dispositivos móveis. O Canaltech, inclusive, esteve presente no Snapdragon Summit acompanhando de perto o que a companhia trouxe de novidade.

Agora, no mês de março, tivemos também a oportunidade de bater um papo com Don McGuire, vice-presidente de marketing global de produtos aqui no Brasil, enquanto a empresa anunciava um novo chip criado no nosso país para o nosso público.

Don também integrou a equipe do Snapdragon para computadores, e nos deu um panorama sobre alguns temas que foram levantados pela Qualcomm nos últimos meses: 5G e conectividade mundial, cidades inteligentes, computadores e mais.

Modem X55 e Snapdragon 855
O Snapdragon 855 já está sendo utilizado por smartphones ao redor do mundo e a estimativa é de que outros grandes lançamentos também tenham a nova versão da plataforma. Além dele, a Qualcomm também apresentou o X55, que é a segunda geração do seu próprio modem 5G.

“Bem como mais e mais países estão lançando a nova rede, existem diferentes espectros e eles operam em níveis diferentes, então temos muita complexidade. O X55 é o nosso modem de nova geração que traz mais suporte ao padrão 5G e isso pode atingir mais áreas. E isso inclui tanto smartphones quanto outros produtos, como dispositivos IoT ou aplicações para a indústria automobilística.”

Don explica que a ideia é colocar o 5G em mais dispositivos do que apenas em smartphones. “Nós estamos muito felizes com todo o progresso e acreditamos estar pelo menos duas gerações à frente dos outros [concorrentes] em termos de conectividade em produtos 5G”.

O diferencial do modem, como explicado, é estar integrado ao chip (Snapdragon). Ele também destaca a importância de que essa integração fará com que versões do Snapdragon 6XX e 7XX tragam modems 5G semelhantes e correspondentes com a geração das plataformas, o que permitirá à conectividade alcançar um maior número de pessoas, também crescendo mais rapidamente com isto.

O X55, como já citamos, vai além de smartphones e poderá ser integrado em carros e computadores. No entanto, para dispositivos tradicionais, uma boa adição é o 5G PowerSave, recurso que deve permitir longevidade de uso sem esgotar sua bateria em pouco tempo de uso (tomando como exemplo um smartphone compatível).

Conectando o mundo inteiro com o 5G
Já ouvimos falar de iniciativas para “conectar todo o mundo”, o que certamente inclui áreas remotas. Para McGuire, “nos próximos 10 anos, ou talvez antes” a nova rede poderá conseguir tal proeza, “porque é um tipo de tecnologia que permite conectar tudo a todo o resto”.

A perspectiva é de que o 5G tenha alcance nas cidades, escritórios, fábricas, no campo (na perspectiva da agricultura). “Isto é algo que não foi possível ao 4G por causa das limitações, mas com o 5G nós acreditamos que conseguiremos ‘conectar o mundo’”.

Sobre o futuro da rede, o executivo da Qualcomm traça um comparativo interessante sobre o ponto de vista da indústria: “no primeiro ano do 4G existiam apenas quatro operadoras de telefonia ao redor do mundo que lançaram a tecnologia e apenas três smartphones compatíveis. No primeiro ano do 5G, que é o de 2019, [até o momento] há 22 operadoras de telefonia lançando suas redes 5G ao redor do mundo e mais de 20 dispositivos sendo lançados.”

Com a aceleração da base do 5G por parte das operadoras e também das fabricantes, a métrica dos “10 anos para conectar o mundo” tem sido vista como algo alcançável pela companhia, ainda comparando o impulso da nova tecnologia com o 4G.

Cidades inteligentes?
A perspectiva de McGuire sobre cidades como São Paulo é a de que, para que se tornem inteligentes, é preciso infraestrutura. “Cidades do tamanho e com o número populacional de São Paulo têm diferentes camadas de infraestrutura, e acreditamos que o 5G também possa ajudá-las nesta questão”, o que também inclui o tráfego e é algo interligado aos dispositivos IoT.

Criar cidades inteligentes também não é uma tarefa tão simples. “Eu não acredito que uma cidade se torne inteligente sem as suas diferentes ‘partes’ se tornarem inteligentes primeiro. Você precisa encontrar pontos de melhorias como o desperdícios em gestões infraestruturais”, explica.

McGuire ainda relata que, antes disso, é preciso encontrar processos que possam “se tornar melhores, mais inteligentes, seguros, mais amigáveis ao meio ambiente, e aplicar como a tecnologia pode melhorar isso.” Neste caso, é preciso entender as reais necessidades que fazem uma cidade funcionar, de fato, para que elas se tornem inteligentes, “e quando você tem essa massividade ‘aprimorada’ [de uma perspectiva tecnológica] então uma cidade pode ser considerada inteligente.”

Nada disso, é claro, se limita a apenas “faróis inteligentes” e alguns para melhorar ou monitorar o trânsito, porque “no fim de tudo é sempre sobre as pessoas” que essas evoluções existem.

Um dos princípios, no ponto de vista do executivo, é de que se as pessoas estão dispostas a isso, então o conjunto geral deve trabalhar em torno de políticas que tornem suas vidas melhores de alguma forma.

O Snapdragon no Windows
Em 2015 a Microsoft lançava o Windows 10 e iniciava uma busca pelo primeiro bilhão de dispositivos com a nova versão do sistema operacional embarcado. E, embora isto não tenha acontecido ainda, a Qualcomm pode ser uma grande aliada para este objetivo. Atualmente, mais de 800 milhões de dispositivos rodam essa versão do Windows.

Antes de trabalhar na Qualcomm, McGuire trabalhou na Intel na área de PCs. Ele cita que, “por volta de 2012, as pessoas pararam de comprar PCs” e que uma das principais razões para esse declínio foi a evolução dos smartphones. Segundo o Segundo o estudo IDC Brazil PCs Tracker Q3 (julho a setembro de 2018), foram vendidos 1,3 milhão de computadores, sendo 935 mil notebooks e 425 mil desktops.

Com o avanço dos smartphones (bancos digitais, redes sociais, compras), a relevância dos computadores foi caindo aos poucos. Por outro lado, smartphones têm limitações de tamanho (não de tecnologia), o que para algumas tarefas (como produtividade) o PC ainda se sobressai.

E como fazer com que a Microsoft alcance 1 bilhão de dispositivos com Windows 10? “Tornando o PC relevante de novo”. O executivo cita que a próxima geração de chips como o Snapdragon 8cx pode redefinir o que um PC é. E como fazer isto? Segundo McGuire, as plataformas Snapdragon trarão mais facilidade para dispositivos conectados, além de oferecer melhor eficiência energética e poder de processamento com seus componentes integrados.

Dispositivos Windows com Snapdragon não são maioria, embora as coisas possam mudar em 2019. Como adiantado por McGuire, ainda neste ano nós teremos um grande lançamento, de uma grande companhia, alimentado por um Snapdragon. Nos arriscamos a dizer que a Microsoft seria essa tal empresa, e que o produto possa ser uma nova geração do Surface.

Inteligência Artificial
Atualmente, as aplicações de inteligência artificial em smartphones estão mais voltadas para a câmera (reconhecimento de cenas), gerenciamento de energia, predição do que o usuário pode fazer (com diferentes perspectivas) e mais. Porém, o que mais as aplicações de IA podem fazer por nós em nossos smartphones? E o que elas farão dentro de cinco ou talvez dez anos?

“Nós acreditamos que a combinação de AI e 5G pode expandir o que você pode fazer com ela [inteligência artificial]. Hoje você tem a AI dentro dos dispositivos, que faz o que você mencionou anteriormente, como melhorias para a câmera, no consumo de bateria e é algo mais comportamental. Mas, então, temos a AI na nuvem. Por causa do 5G com sua baixa latência e alta velocidade, ele pode trazer a nuvem para perto de você.”

Esta não seria, então, uma capacidade interna de hardware do smartphone, mas sim algo que a conectividade permitiria acessar capacidades de AI (e suas áreas de trabalho, como games, também) de modo mais fácil, tendo em vista que a velocidade entre a troca de informações fornecida pelo 5G tende a ser praticamente instantânea.

Outras aplicações também envolvem o uso de aplicações reais. A experiência de uso, utilizando IA e capacidades de nuvem, teremos então algo mais concreto para nossos dispositivos e também seguro.

Um dos exemplos interessantes é o Google Maps com AR. Em tempo real, graças ao 5G e sua baixa latência.

Fonte: Portal CanalTech

https://canaltech.com.br/produtos/exclusivo-qualcomm-revela-suas-apostas-para-o-futuro-da-conectividade-135069/?fbclid=IwAR30_o3PLMdGhCQYc_ogpz6k-pZZYQt-Noxr8_Wf3Z3VXn_XCm1Ft5eoAwQ


Publicado em: 19/03/2019 12:38:17