Tecnologia brasileira vai diminuir interferência em redes 5G

Tecnologia brasileira vai diminuir interferência em redes 5G

 

Quando um usuário de telefonia celular está na borda de uma célula de cobertura, a qualidade da chamada costuma piorar por causa da interferência do sinal. Em geral, cada estação rádio-base (ERB) tem mecanismos próprios para mitigar essa interferência. Mas há uma forma mais inteligente de lidar com problema: trata-se da chamada cloud RAN, que consiste no gerenciamento da rede de acesso através da nuvem. As ERBs enviam suas informações para um data center na nuvem onde algoritmos analisam os dados em conjunto e devolvem comandos para uma melhor parametrização da rede, atenuando de forma mais eficiente a interferência observada na borda das células. Ou seja, em vez de cada ERB tratar da mitigação individualmente, o problema passa a ser abordado de forma coletiva, com o processamento na nuvem.

"A ideia é mover isso para a nuvem, para um centro de dados com grande capacidade de processamento que consiga mitigar a interferência de maneira mais eficaz", explica Rodrigo de Lamare, coordenador do laboratório de 5G do Cetuc, da PUC-Rio, e coordenador do projeto. Ele explica que o conceito de cloud RAN já é implementado na China e nos EUA, mas o que se pesquisa no Brasil é um aperfeiçoamento da mitigação da interferência com técnicas mais sofisticadas, incluindo alta compressão de dados, para baixo consumo de banda e de energia nesse processo. Artigos sobre o assunto assinados por pesquisadores do Cetuc vêm sendo publicados em revistas especializadas no exterior e ganhando repercussão internacional, com diversas menções em outros trabalhos, afirma De Lamare.

O projeto contará com a participação de aproximadamente 20 pesquisadores e tem previsão de duração de cinco anos. Uma pequena rede com cerca de 10 ERBs será montada dentro do Cetuc para experimentar os algoritmos criados para mitigação de interferência.

Modelo de negócios

De Lamare sugere que o data center poderia ser gerido por uma empresa independente, fazendo a análise dos dados de todas as operadoras de um mercado, o que melhoraria ainda mais os resultados.

O professor prevê que no futuro as ERBs serão mais "burras", deixando o processamento para uma central na nuvem. Isso baixaria o consumo de energia na ponta da rede. A mitigação da interferência a partir do modelo de cloud RAN também tende a reduzir o uso de bateria dos próprios dispositivos dos usuários finais, explica.


Publicado em: 06/04/2018 11:13:49