O Fenainfo Notícias traz entrevista exclusiva com Marcos Antônio Cardozo de Souza

O Fenainfo Notícias traz entrevista exclusiva com Marcos Antônio Cardozo de Souza

Formado em Eletrotécnica e Eletrônica, e pós-graduado em Gestão de Marketing, Marcos é sócio-diretor da CIMTEL, e presidiu a Associação Empresarial da Região Metropolitana de Florianópolis (AEMFLO). “O setor da tecnologia da informação apresenta um excelente valor agregado, uma produção “limpa”, uma aplicabilidade abrangente, e uma necessidade estratégica para qualquer nação”, ressalta o empresário. 

Qual a importância de se investir no desenvolvimento tecnológico para um país com as características do Brasil?

É fundamental destacar que a minha visão sobre os investimentos, e sobre o foco do governo federal, seguem a seguinte linha: Segurança Pública, Saúde, Educação, Infraestrutura, Inovação e Tecnologia. O Brasil não pode continuar sendo apenas um exportador de matéria prima e importador de produtos manufaturados, e principalmente de tecnologia. O problema da desindustrialização que o Brasil vem enfrentando nos últimos anos é resultado do baixo, quase insignificante, investimento em pesquisa em desenvolvimento, além da questão do custo Brasil, que envolve a alta carga tributária como principal vilã.

Claro, a falta de infraestrutura também é um componente grave nesse contexto nacional. Por isso, e por muitos outros motivos, o setor de desenvolvimento tecnológico é fundamental para qualquer país nos dias atuais. Não só para competitividade das empresas, mas para a competitividade da gestão pública, redução de custos, gestão eficiente, agilidade de processos, visão sistêmica para redução do peso do estado e consequentemente da carga tributária.


Nos dias 23 e 28 de maio desse ano, Câmara e Senado, aprovaram, respectivamente, a manutenção da desoneração da Folha, dentre os vários setores, o de TI. Que importância o sr. vê nessa medida para o Brasil? 

A desoneração da folha de pagamento deve ser um processo crescente e contínuo, para todos os setores. O Brasil arrecada impostos demais e não devolve ao cidadão, nem mesmo os serviços mais básicos, o que prova que a gestão pública atualmente é falida, ineficiente, corrupta e absurdamente cara. E a redução das cargas tributárias, como no caso da desoneração da folha de pagamento, deve partir do processo de privatizações. Não como foi feito no passado recente, mas sim de forma séria, honesta, e que beneficie a sociedade. O Brasil não suporta mais, são aproximadamente 150 estatais federais, que juntas, acumularam um prejuízo de mais de 20 bilhões em 2017. Dinheiro que precisa ser “arrancado” dos brasileiros através dos impostos.

Meu compromisso é não permitir a criação de nenhum novo imposto, não permitir a majoração de nenhum tributo, revisar a tabela do SIMPLES (atualizando os valores para um mundo real e atual), inserindo um fator de reajuste anual, no mínimo, de acordo com a inflação. O mesmo deve valer para a tabela do imposto de renda. Não podemos mais financiar os mandos e desmandos de um governo corrupto, incompetente e falido. Temos que estabelecer uma meta de chegar a uma carga tributária na casa do 25%, em 4 anos. Reduzindo o Estado, fechando as torneiras da corrupção, e definindo o pacto federativo, onde a maior parte dos impostos fiquem nos municípios e estados, o que, na prática, será ainda mais fácil fiscalizar. A sociedade precisa acordar. E esse é o ano da renovação.

 
Como a desoneração nesse setor - de tecnologia da informação (TI) - pode impactar a economia positivamente?

O setor da tecnologia da informação apresenta um excelente valor agregado, uma produção “limpa”, uma aplicabilidade abrangente, e uma necessidade estratégica para qualquer nação. O Brasil tem um povo empreendedor, criativo e trabalhador. Eu estou convicto que a imensa maioria da sociedade brasileira são de pessoas do bem, dispostas a produzir e dispostas a levantar esse país novamente. Por isso, temos que investir em todos os setores, mas sabendo que não pode fazer tudo de uma única vez, pois não existe milagre, não existe salvador da pátria e o Brasil não saíra dessa situação da noite para o dia. E reitero que o setor de tecnologia da informação é fundamental. Esse investimento gera um impacto imediato na geração e trabalho (sim, trabalho, porque o brasileiro precisa recuperar a estima pelo trabalho e não simplesmente pelo emprego), oferece mais competitividade as empresas, e porque não dizer, a gestão pública também. Oferece retorno em um prazo mais curto, maior valor agregado, produção limpa, oportunidade para os jovens, suporte para as indústrias, para o agronegócio, para o comércio e serviços.

 
Atualmente existem na Câmara alguns projetos em tramitação que envolvem diretamente o setor de tecnologia da informação e comunicação: um deles é o PL Nº 1292/1995 que trata da modernização da Lei de Licitações, cujos objetivos são assegurar a seleção da proposta apta a gerar o resultado mais vantajoso para a administração pública, e assegurar tratamento isonômico entre os licitantes e a justa competição. Como candidato a Deputado Federal, como o sr. vê esse tipo de projeto?  

Iniciativas como essa são muito bem-vindas. A lei 8666 de está desatualizada, e precisa urgentemente de uma revisão completa. Claro que a gestão pública, recheada de loteamento de cargos, de interesses pessoais, corrupção e ineficiência, prejudicam todo processo de compras públicas. Mas, qualquer iniciativa que traga vantagem para administração pública, traz vantagem imediata para o cidadão. É isso que temos que focar.
 

Que propostas para o crescimento do setor pretende apresentar no Congresso?

Fui presidente de uma das maiores associações empresariais de Santa Catarina, a AEMFLO, que não usa um centavo de dinheiro público. Mas conheci a realidade das incubadoras de empresas, pois presidi a incubadora de São José por 5 anos. Hoje essa incubadora poderia estar gerando muitos postos de trabalho, incentivando muitos empreendedores, e gerando tecnologia para indústria, comércio e serviços. Mas o projeto esbarrou na falta de infraestrutura e de apoio da gestão pública. Por isso, uma das minhas ações será propor a revisão da Lei Rouanet, para que parte dos mais de 1,1 bilhões do orçamento de 2017, por exemplo, seja direcionado para o que realmente importa, como as incubadoras de empresas. E não para financiar shows, filmes, livros e exposições dos “amigos do rei”. Chega de ver o nosso dinheiro jogado fora, desviado, para as mãos de uma minoria corrupta e inescrupulosa.

Legislar para inserir novas cadeiras no ensino básico e ensino médio, entre elas o empreendedorismo, gestão financeira pessoal, educação fiscal, e tecnologia da informação, além retomar o ensino dos valores cívicos e morais, que se perderam ao longo das últimas décadas. Isso trará um impacto direto no setor de tecnologia da informação, com cidadãos mais preparados para o mercado de trabalho, para as faculdades, para aderirem a tecnologia que toma conta das nossas vidas cada vez mais. Só não que um povo culto e preparado, um governo comunista e que só pensa em se manter no poder. Trabalhar para reduzir os impostos de importação e exportação, porque mais do que beneficiar um setor, precisamos abrir o mercado, buscar a competividade pela meta da excelência, com referência na visão global de negócios. Um ambiente favorável ao empreendedorismo, movimenta e fortalece todos os setores. Então é possível fazer diferente, é possível fazer no curto prazo e nós vamos fazer.


Publicado em: 13/09/2018 11:47:18