O Brasil ganhou três posições no Índice Global de Inovação (IGI) na comparação com 2021.
Agora, o país está no 54º lugar no ranking que abrange 132 países.
A melhora da colocação, no entanto, não significa que o país esteja bem na agenda de inovação.
Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), os investimentos na área têm caído a cada ano.
Além disso, a posição brasileira está sete casas abaixo da melhor marca atingida – o 47º lugar em 2011.
Os dez países mais bem colocados no índice são:
A classificação é divulgada anualmente, desde 2007, pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI - WIPO, na sigla em inglês), em parceria com o Instituto Portulans e o apoio de parceiros internacionais.
No caso do Brasil, a Confederação Nacional da Indústria (CNI), por meio da Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI), é parceira na produção e divulgação do IGI desde 2017.
Desde sua criação, em 2007, o IGI tornou-se uma referência na avaliação da inovação e um pilar na formulação de políticas econômicas.
O ranking também obteve o reconhecimento do Conselho Econômico e Social das Nações Unidas.
O tema do IGI em 2022 é o futuro da inovação: estagnação ou recuperação da produtividade.
O presidente da CNI, Robson Braga de Andrade, avalia que esse enfoque é extremamente relevante para o Brasil, considerando-se os desafios que o país vem enfrentando para aumentar sua produtividade – que está em declínio há 40 anos.
ANÁLISE DA POSIÇÃO BRASILEIRA
Na avaliação da CNI, embora o Brasil tenha caído no ranking de “insumos de inovação”, tendo piorado duas posições (de 56º, em 2021, para 58º em 2022), o país subiu seis posições no ranking de resultados de inovação (59º para 53º), o que explica a melhora no ranking geral.
Gianna Sagazio, diretora de inovação da CNI, afirma que isso quer dizer que, em relação aos investimentos em inovação, o Brasil piorou.
Entretanto, é como se os agentes do ecossistema brasileiro tivessem feito mais com menos e obtido melhores resultados, apesar da queda nos insumos/investimento.
Segundo ela, essa melhora demonstra que, apesar das dificuldades estruturais do ecossistema de inovação no Brasil, as empresas têm se saído melhor do que o esperado.
A diretora de Inovação da CNI alerta que se houvesse investimentos perenes em inovação, o que não acontece, o Brasil poderia ser uma potência em inovação.
Os resultados demonstram a resiliência do setor empresarial brasileiro.
Atualmente, o Brasil tem a 35ª economia com negócios mais sofisticados do mundo, apesar de as empresas brasileiras terem que conviver com instituições muito mal posicionadas no ranking, e com infraestrutura que figura apenas em 65º lugar.
Na avaliação da CNI, a falta de uma política pública consolidada para a inovação gera insegurança e atrasos ao setor.
Um dos exemplos é a edição da Medida Provisória nº 1.136, de 29 de agosto de 2022.
Ela limita o uso de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), principal fonte de financiamento à inovação do país.
A MP fixa que o FNDCT poderá aplicar somente R$ 5,555 bilhões em 2022.
Isso significa que será cerca de R$3,5 bilhões a menos do inicialmente previsto.
A CNI alerta para os danos que a medida provisória, se aprovada pelo Congresso Nacional, causará para a ciência, tecnologia e inovação do país.
A partir do ano que vem, a medida estabelece uma porcentagem de aplicação que chegará em 100% dos recursos apenas em 2027.
Em 2023, por exemplo o limite será de somente 58% da receita anual prevista.
Sendo 68% em 2024, 78% em 2025 e 88% em 2026.
Outra preocupação é que, apesar de a Lei Complementar nº 177/2021 proibir o contingenciamento de valores do fundo, os recursos vêm sendo constantemente bloqueados pelo poder público.
Para o orçamento de 2022, o governo já havia travado R$ 2,5 bilhões dos R$ 4,5 bilhões de recursos não reembolsáveis do FNDCT.
Publicado em: 04/10/2022 15:00:52
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