Investidores do Vale do Silício acreditam e estão investindo em empresas brasileiras!

Investidores do Vale do Silício acreditam e estão investindo em empresas brasileiras!

Criar uma startup de sucesso não é uma lenda, nunca foi! Assim como a existência de unicórnios. Calma, não estamos falando do cavalo mitológico, com um chifre na cabeça. Nem os mais puros contos chineses, poemas da Idade Média ou as magníficas pinturas da Renascença poderiam prever que, hoje, unicórnios são empresas de tecnologia com enorme potencial de sucesso e, principalmente de faturamento. Unicórnios existem, alguns já são brasileiros. Você vai entender como esse mercado funciona e, quem sabe, como chegar lá!

Unicórnios

Há alguns anos poderia ser difícil imaginar que uma startup sem frota própria de veículos seria uma das maiores empresas de transporte do mundo. Ou que outra iniciativa seria um dos maiores players do mercado de hospedagem do planeta, mesmo sem possuir um único hotel. Ou ainda, que você poderia ter acesso a uma quantidade quase sem fim de músicas, sem qualquer tipo de mídia física.

Hoje tudo isso não é apenas possível, como muita gente já não se imagina sem tais serviços. Uber, Airbnb e Spotify são apenas algumas das empresas de tecnologia que rapidamente mostraram ao mundo o quão essencial era a natureza de seus serviços. E, logicamente, faturaram muito dinheiro com isso. Esses são exemplos perfeitos de startups que alcançaram rapidamente o sucesso e o valor de avaliação de mais de um bilhão de dólares!

Hoje elas já são centenas, nos Estados Unidos e no mundo. O mercado de tecnologia é cada vez mais um vórtice de inovação e, principalmente, de investimento. No Brasil, três empresas já ultrapassaram a marca de um bilhão de dólares e garantiram lugar no panteão quase mitológico do Vale do Silício: o aplicativo de transportes 99, a plataforma de pagamentos PagSeguro e, recentemente, a startup de serviços financeiros Nubank anunciou que também ultrapassou a marca, mesmo antes de uma grande rodada de investimentos ou de listar as ações na Bolsa de Valores.

De acordo com Francisco H. de Mello, CEO e fundador da Qulture.Rocks, plataforma de gestão de pessoas, “O evaluation (valor de avaliação para aportes financeiros) não é derivado do valor intrínseco da empresa. É derivado de quanto dinheiro a empresa precisa por um lado e do quanto a empresa é atraente para o investidor. Se a gente tem uma empresa onde os investidores querem muito investir e que precisa de muito dinheiro oevaluation cresce”, explica o empreendedor.

Ele continua: “Por exemplo, uma das etapas famosas de investimento de uma startup é chamada de ‘Série A”. Você tem startups com métricas muito parecidas, fundadores muito parecidos, algumas delas captando cinco milhões de dólares, com evaluation de 20 milhões de dólares e outras captando 15 milhões de dólares, com evaluation de 80 milhões de dólares”, exemplifica.

O investimento em ideias brasileiras parece um movimento que não para de crescer. A startup brasileira de Francisco foi selecionada para ser acelerada pela americana Y Combinator, sendo a 4° empresa brasileira a receber o aporte, ao lado da Quero Educação, Bxblue e Brex. A Qulture.Rocks passa por um processo semelhante ao de empresas que já passaram pela experiência como a Airbnb e Dropbox, avaliadas com forte potencial de faturar R$ 1 bilhão em pouco tempo – conhecida também como “unicórnios”.

O intuito da startup é resolver problemas comuns nas empresas: a falta de feedback entre presidentes, líderes e funcionários e acompanhamento de metas. “Geralmente, empresas grandes fazem pesquisas de clima, que são anuais ou bianuais. Muitas vezes um processo tão burocrático e complexo, que geralmente as empresas não querem fazer todo ano, fazem uma vez a cada dois anos. Um dos módulos de pesquisa da nossa ferramenta é o de pesquisa de clima. A gente chama de pesquisa de cultura, um termo mais amplo”, reflete Francisco.

Um cenário comum no mundo corporativo é que as pessoas identificam os problemas, mas muitas vezes não sabem como agir, ou pior, quem deve resolvê-los. O objetivo final é contribuir para melhorar a gestão de desempenho, com a aplicação de testes de gestão de metas, avaliações de performance por competências e programas de cultura. “Nossos clientes mais antenados usam essa ferramenta de uma maneira super flexível. Então, eventualmente um gestor faz uma pesquisa apenas com os seus liderados. Para monitorar certos aspectos importantes para esse gestor”, pondera o CEO.

A Qulture.Rocks vai receber US$ 121 mil (cerca de R$ 400 mil). A empresa duplicou de tamanho desde sua fundação, em 2015. Nesse ano, estima crescer 20% ao mês e elevar o faturamento em 200%. Já são mais de 60 clientes, entre eles a já gigante Nubank, VivaReal e Hotmart. São 28 mil usuários usando a plataforma, 302 avaliações realizadas, 70 empresas usando e 71 mil feedbacks gerados, através de uma licença mensal ou anual, de acordo com o tamanho da empresa.

Chegar o Vale do Silício não foi fácil. Para chegar entre as 100 credenciadas para a rodada de negócios, a empresa precisou se destacar entre outras 8 mil inscritas. “O que eles querem lá, são empresas que têm o potencial de alcançar um bilhão de dólares, em um horizonte rápido de tempo. Eles não estão interessados em uma empresa que pode chegar a um bilhão de dólares, em quarenta anos. Esse é o único requisito. Todo o resto é negociável. Para isso, eles aceitam empresas mais maduras ou menos”, revela Francisco H. de Mello.

O caminho das pedras

Não existe uma fórmula do sucesso, mas o empresário dá algumas pistas. “Nós, por exemplo, somos uma das empresas com mais faturamento, com maior número de funcionários, dentro do programa. E acho que sermos da América Latina contou pontos para a gente. Acredito que se fôssemos apenas uma ideia, estaríamos pior colocados do que dois garotos de Stanford, por exemplo”, revela.   

Ele continua: “Existem grupos diferentes lá. Por exemplo, tem um PHD com 20 anos de pesquisa em computação quântica e quer entrar para montar uma empresa. Pode ter um cara que trabalhou cinco anos do Google e está lançando uma ferramenta para resolver um pequeno problema que tinha lá. E aí são 80 mil empresas que, obviamente, acreditam que podem chegar lá. E o trabalho deles é filtrar quais eles realmente acham que têm essa chance. Acho que eles olham o time, que é quase como um currículo. Avaliam quão atraente é o mercado da empresa. E o histórico de execução da empresa”, ilustra Francisco.

“Nesse caso, eu tinha um mix. O histórico de ser uma das maiores empresas, com mais execução. Mas também tinha um lado, que eles gostavam muito, que era a minha paixão pelo tema. Pelo fato de ter escrito os livros. Eles gostam muito de ver que a pessoa tem uma paixão pessoal e não estar lá apenas procurando uma oportunidade de ganhar dinheiro fácil. Então essa coisa do empreendedor mais messiânico, que tem paixão por um problema, eu acho que é muito importante. E por fim, mercado. Quanto maior o mercado potencial de um negócio mais interessante é para eles”, ensina.

Apesar do sucesso, chamar uma empresa de unicórnio tem se tornado algo muito mais comum do que parece. “Eu acho que esse termo unicórnio era muito importante na época em que valer mais de um bilhão de dólares era um feito muito raro. Então, se olharmos quando o termo foi cunhado, há uns oito anos, existiam pouquíssimas empresas consideradas unicórnios. Hoje em dia, eu não tenho o número, mas eu chutaria uns 150 unicórnios nos Estados Unidos, no mínimo. Hoje em dia ser um unicórnio é sim muito relacionado com o sucesso, mas é uma métrica super manipulável. Quero dizer, às vezes você tem empresas que captam mais dinheiro do que outras e acabam por ter um valor mais alto”, resume.

A startup é residente no Cubo Itaú – maior centro de inovação e empreendedorismo da América Latina. Francisco é um estudioso e pesquisador de cultura organizacional. Trabalhou no mercado financeiro e, sua última experiência antes de abrir a startup, foi no BTG Pactual. É autor do livro The 3G Way: Dream, People, and Culture, obra que descreve o estilo de gestão dos empresários Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira, e Marcel Telles, figurando entre os mais vendidos da Amazon em estratégia e negócios.

Atualmente, algumas iniciativas brasileiras apresentam potencial para alcançar a tão sonhado status de unicórnios, como a desenvolvedora de softwares Movile, o GuiaBolso que trata sobre saúde financeira pessoal, A VivaReal, a Quinto Andar, ambas do setor imobiliário e a Loggi, especializada em logística de trânsito.

É inegável que a inovação também não é mais um mito quando se trata do mercado nacional. Alcançar os objetivos exige muitas etapas, mas uma delas é fundamental e incrivelmente mais simples que as outras, começar!

“Foi muito difícil, porque nesse começo acho que alinha entre existir uma empresa ou não é basicamente o seu comprometimento com você mesmo. Quando você funda uma startup não existe nada que acontece que mude a sua realidade. Você, no máximo, abre um CNPJ, que não quer dizer nada e talvez um e-mail. Mas acho que essa mudança psicológica de um momento para o outro em dizer “agora esse é o meu negócio, é isso que eu faço!”, atualizar o Linkedin etc… É um momento que eu acho interessante porque ele tem um valor, sabe? Ele é importante!”, finaliza.

Fonte: Yahool! Notícias

https://br.noticias.yahoo.com/investidores-vale-silicio-acreditam-e-estao-investindo-em-empresas-brasileiras-154742419.html

 


Publicado em: 10/05/2018 13:14:21